Vidas duplas
Entendo como sendo uma das principais
dificuldades de um atleta amador ou semi profissional (que não viva do esporte,
mas o tenha apenas como um hobby,
como é o meu caso) a divisão entre sua vida esportiva com a
pessoal/profissional. O “como” fazer pra conciliar a rotina de treinos com a
vida diária, com a família, trabalho e sono.
Bom, a tarefa não é fácil, isso eu
posso garantir. Ter que estar inteiro e concentrado trabalhando com as pernas e
braços doendo, após correr 20 k ,nadar 3 k ou pedalar 60 k pela manhã, dificulta
um pouco as coisas.

É claro que existem ainda aqueles
que trabalham sob regimes de plantões e jornadas continuas( médicos,
enfermeiros, bombeiros, policiais, etc.). Contudo, até para estes é possível se
planejar dentro de uma planilha e definir os dias e horários de treino e sono.
Todavia, acho que o mais difícil mesmo
não é este encaixe entre trabalho e treinos, mas sim onde ajustar a família e
amigos a nossa disponibilidade. Dependendo da sua rotina de treinos, como no
caso de atletas de endurance (provas
mais longas), o tempo gasto com estes é enorme, sem contar o descanso (nesse
caso sono ferrado) que deve ser bem feito e dificulta ainda mais ao atleta ter
tempo livre pra atividades sociais.
Nem sempre nossos familiares e
amigos entendem nossas razões (tema que irei escrever mais a frente) nosso
tempo dedicado aos treinos e competições, nossa dedicação, tempo e dinheiro
gasto com isso.

Por outro lado, quem disse que
todos são obrigados aceitarem nossas razões? Podem simplesmente aceitar e nos
dar apoio...e isso nos basta!
Mas, pra conseguir isso,
precisamos respeitar e ouvir muitas das exigências deles, isto é, dedicar
atenção, afeto e dividir nosso tempo entre o esporte e a vida social.
Muitas vezes essa divisão pode,
inclusive, implicar em trazê-los para o nosso mundo, seja como torcedores ou
como atletas amadores também (quando esposas, maridos, pais e amigos começam a
praticar) ou mesmo como “técnicos esportivos”.

Mas enfim, para chegar até esse
ponto, errei muito e tive que ir fazendo a sintonia fina durante algum tempo,
até que pudesse estar em algum ponto perto do “meio termo” para uma convivência
pacífica, na qual o esporte não se tornasse uma “amante” e sim uma parte da
relação dos dois.
Dito isso, creio que o esporte
deve ser algo sadio que faça bem não só aquele que pratica, mas aqueles que
vivem em torno do atleta. Embora seja bom estar focado e por meio do esporte
conheçamos novas pessoas, é bom ter presente aquelas do lado de fora, que
sempre estiveram conosco quando não estávamos nessa vida ou que decidimos incluí-las,
mesmo quando já éramos praticantes.
Assim como nos sacrificamos e
dedicamos pelo esporte, devemos nos dedicar pela outra vida que temos, nossas famílias
e trabalho, entendendo que o esporte deve ser um complemente, uma fonte de
prazer e não de discórdia ou dúvidas. Em resumo, deve ser algo onde
descarreguemos nossa angustias e raivas para que possamos viver melhor com
nossos familiares e amigos.
Abraço
#bora
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